quinta-feira, 30 de junho de 2011

O que é um Clássico?

Para inaugurar meu recém-nascido blog, pretendo discutir este termo tão amplamente utilizado. Ao relembrarmos as diversas ocasiões em que vimos algo ser classificado como clássico, percebemos que este é um termo que pertence à mesma categoria do verbo "coisar", posto que ambos possuem infindáveis significados.

Jogos entre rivais são clássicos.

A herança Helênica é clássica.

Uma obra literária, cinematográfica, musical, dentre outros gêneros artísticos, que tenha se mantido revisitada constantemente mesmo muito tempo após sua produção é clássica.




E na minha vida de nerd eu sempre me deparo com jogos do naipe de super mário, zelda, super metroid e chrono trigger, aos quais os demais nerds costumam se referir como clássicos.


Mas, afinal, quem outorga a uma invenção humana o grau de clássico?

Deixando um pouco de lado a questão da herança Helênica, a qual só é de interesse da História. Podemos (com uma pitadinha de audácia) afirmar que atualmente o termo clássico se refere àquelas obras que de alguma forma inovaram a forma como se vê e como se produz dentro de seu ramo.

E agora voltemos ao às mídias de entretenimento. O que define um filme ou um jogo como clássico? (lembrando que estes dois exemplos estão longe de esgotar os tipos e variações de mídias de entretenimento.)
Bom, em termos de filmes, podemos dizer que são clássicos aqueles que de forma bastante clara alteraram a realidade, seja influenciando o comportamento de determinado setor da sociedade, seja alterando a forma como os própios cineastas vêem seu trabalho.


Um bom exemplo de um Clássico do Cinema, é o filme Matrix. Note-se, que, apesar do sucesso, em um primeiro instante, muitas pessoas não o assistiram. Já que para muitos o gênero ficção-científica/ação, tem uma temática jovem e/ou trivial. Mas o movimento que eu vi se seguir ao lançamento do filme foi surpreendente. Professores em escolas e universidades comentavam sobre ele, gente que nunca havia se interessado pelo gênero, e muitas vezes nem havia assistido. Intermináveis debates filosóficos se travaram e no fim, a humanidade em sua maioria mudou um pouco sua forma de pensar a respeito de si e da realidade.

Pouco tempo depois, muitos filmes apareceram com temática semelhante. Esse é o tipo de impacto que o faz merecedor do título de clássico.

Já entre os jogos, por esta ser uma mídia focada na interação, normalmente os clássicoas foram aqueles que introduziram ou consolidaram alguma forma inovadora e cativante de interação.
Soaria meu estranho se eu chegasse algumas décadas atrás e dissesse que em breve haveria um jogo mundialmente aclamado em que o personagem principal é um encanador pançudo, bigodudo, descendente de italianos que mata tartarugas e outros seres pulando sobre eles.


O detalhe que omiti em meu relato hipotético é que o tão conhecido Super Mário, em sua simplicidade de enredo te coloca num nível de imersão tal que por algumas horas você acredita que a realidade é aquela que se apresenta na tela e o que está fora dela parece apenas a memória distante de um sonho esquisito.

Então, ouso afirmar que clássico não é só inovação. Inovar por inovar não necessariamente irá gerar grande influência. Outro dia vi um jogo cujo objetivo era cometer suicídio das formas as mais variadas. Mas eu não vejo o personagem desse jogo por aí como garoto propaganda de alguma empresa de desenvolvimento de jogos. Nem vejo ninguém dizendo: "tem um jogo que parece aquele do suicídio" ou; "esse jogo do suicídio só lembra minha infância".

Um Clássico, acima de tudo, tem de romper com um paradigma(ou vários), estabelecer um novo grau de evolução e reafirmar que não existe uma fórmula definitiva quando o assunto é a criatividade humana.